Nós chegamos a terra sem manual de instruções, sem um guia prático e sem um link de tutorial que devemos seguir. Simplesmente nascemos e vamos caminhando segundo as regras que nos são ditadas. Nesse caminho chamado vida, vez ou outra trombamos com oportunidades, com formas de viver e maneiras que nos prometem força, poder e credibilidade. Nós, humanos cheios de vontade e de luxuria aceitamos, a fim de querermos nos banhar de todas as maravilhas que podem nos serem oferecidas.
Quando digo maravilhas me refiro a tudo que o ser humano almeja: dinheiro, reconhecimento, fama e poder. No início é uma delícia: você se sente um gostosão, lindo, desejado, poderoso, etc. Mas não percebe o mau que te envolta, a energia densa que transmite e o quão mal você faz para as pessoas ao seu redor. Você começa a definhar, a perder amigos e trabalho, as coisas que antes eram lindas começam a se tornar um pesadelo. E você se pergunta: por que? O que eu fiz de errado?
E a resposta está logo no início: você optou pelo fácil, pelo rápido, pelo prazer. Não que não devemos ter prazeres na vida: saborear um gostoso doce, se jogar no sofá enquanto vê um filme legal e come um montão de pipoca ou simplesmente acordar tarde. São prazeres deliciosos e que não machucam ou ferem ninguém, principalmente você mesmo.
Quando se cai na real ─ o que é bom que aconteça antes do pior ─ você consegue abrir os olhos para tudo que perdeu e se sente um fracassado pelas escolhas erradas. Mas é exatamente nesse momento em que você precisar erguer a cabeça, não por orgulho, mas para pedir ajuda. Mas será que depois de tudo, você ainda terá a quem recorrer? Saiba que sim, existem muitas pessoas que mesmo assistindo as nossas derrotas não deixam de nos esticar a mal quando percebemos nossos erros. Algumas até dizem “eu te avisei”.
E depois de se limpar, banir e perceber o caminho torto que tomou, você recomeça, você volta ao ponto zero. Desce toda a escada rolante que optou para subir pelos degraus plácidos. E renasce. Novas escolhas, novos caminhos, novas decisões. Nós, meros humanos, temos sim o azar de muitas vezes escolhermos pelo errado, pela ignorância, pela soberba e pelos prazeres da luxuria, mas também temos a dádiva do perdão, do recomeço, das novas caminhadas. De nos refazer.
Sobre meu cabelo e minha barba: sentia que havia muita luxuria e volúpia nestes, então os raspei. Como os monges, que possuem esse costume dos tempos de Buda, onde ele cancelou o sistema de castas dentro de sua Ordem. Também significa fim da vaidade, nem um cabelo para se preocupar.
O cabelo é um elemento místico para muitas culturas e tribos originárias. Tocar o cabelo era algo não permitido sem a sua devida permissão, e naturalmente são as esposas e filhas que trançam os cabelos de seus esposos e pais, enquanto trançam firmam um propósito para eles. Assim como as mulheres também se ajudavam em seus penteados tendo este momento como sagrado e de muita alegria para elas.
O nosso cabelo como cada célula do nosso corpo tem memória, por isso é comum que quando fechamos um capítulo da nossa vida, o nosso ser nos peça um corte de cabelo, inconscientemente se deve à necessidade de renovação como quando as árvores soltam suas folhas, até que recupere a sua vitalidade que ficam interiorizadas nas raízes.
O Bruxo que possui a cabeça raspada mantém em si um elo de Magia, de Alta Espiritualidade e erudição. Ele está ligado mais ao ensino, a Magia como uma Arte. Ele tem uma conexão forte com os mistérios ocultos, como os Magos do Egito e do Extremo Oriente, que tal como ele, raspavam a cabeça. Ele raspa a cabeça, pois, vê mais em si um sinal de totalidade no conhecimento das coisas, onde faz do saber já uma Magia. Sua comunhão é maior com o lado espiritual e etéreo no geral.

Nenhum comentário:
Postar um comentário