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| Imagem ilustrativa. |
Hoje tive uma pequena crise de hiperatividade ou de ansiedade. Não sei dizer ao certo, mesmo com um diploma de psicologia e cinco anos de graduação não tenho conhecimentos sobre o que senti. E ainda estou sentindo, me menos grau, mas estou. Nesse exato momento, 99% do país está se preparando para assistir ao jogo do Brasil contra Camarões pela Copa do Catar. Em mim não há um pingo de vontade de assisti-lo. E se tivesse, seria de formas muito específicas.
Então, hoje, quando não aguentava mais balançar minhas pernas de frustração e nervosismo, enquanto de forma frustrada tentava configurar o site de um cliente, me levantei. Calcei um tênis, peguei meus fones e querendo algo bem elétrico para tocar ─ que era como eu estava me sentindo ─ coloquei a primeira coisa que me veio a mente: um EP de Remixes do Calvin Harris. Sim, esse que já não faz sucesso há um bom tempo. Saí de casa, dei a volta no quarteirão debaixo de chuva leve, com vontade enorme de correr e não parar mais. Mas não queria ir longe, também não queria escorregar e fuder todo. Então, caminheiro. Andei até onde achei que devia ir e ao voltar, encontrei abrigo na casa da minha avó. Não dei muitas explicações, só pedi a ela se podia cochilar um pouco por ali. Claro que não me foi negado.
Não peguei no sono de imediato. Estava com a consciência pesada de deixar o trabalho pela metade, de alguém se sentir culpado por algo que fiz ou disse, sendo que, é tudo comigo mesmo. O calor me subiu o corpo e precisei ligar o ventilador. Depois de algumas viradas pra cá e pra lá acabei dormindo. Acho que até sonhei, mas não me lembro exatamente sobre o quê. Acordei com um puxão do meu afilhado, que em sua ingenuidade, só queria brincar. Tentei convencê-lo de que precisava de pelo menos mais vinte minutos, não consegui. Então fechei a porta do quarto, mas eu sabia que precisava voltar pra casa e o horário no meu celular só confirmou o que eu apenas supunha.
Voltei como fui: andando. Não corri. O número de pessoas na rua era maior, indo e vindo com suas camisas amarelas e verdes, preparando-se em demasia para o tão esperado jogo. E então eu cheguei em casa, recepcionado por uma mãe extremamente afetuosa e preocupada, mas também cheia de dedos por ter quebrado a orelha da minha estátua de Anúbis. Em primeira instancia, me informou que iria colar e fingir que nada aconteceu, mas preferiu dizer a verdade, em um grande risco de ouvir gritos e xingamentos de um Higor que não existe mais. “Tá tudo bem, só pega a super cola pra mim, por favor.” Foram minhas únicas palavras, antes dela deixar o quarto surpresa.
O engraçado é que mais cedo, eu
havia olhado essa mesma estátua e lembrado de quando também deixei-a cair e
quebrou a mesma orelha. Sim, a orelha estava colada e ela só descolou ao cair
novamente. Minha mãe não a quebrou, ela só descolou uma coisa que eu mesmo
havia quebrado. Ela não sabe disso ainda, estou deixando-a se deliciar com a
minha reação paciente diante da situação, mais tarde conto a verdade. Tudo isso
remeteu-me a um filme que assisti no início dessa semana: Sete Minutos Depois
da Meia-Noite. Sempre que puder, diga a verdade. E se algo quebrou, já está
feito, do que um monte de palavrões e gritaria adiantaria? Enfim, faltam dois minutos
para o jogo começar. Quando comecei esse texto faltavam vinte e provavelmente
quando postá-lo no blog a bola já estará em campo e eu com a mesma vontade de
assisti-lo.

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